English  

For years, my wife and I flirted with the idea of moving abroad to Brazil. Slowly, the idea bloomed, and finally, in 2013, we moved to Trairi – a city of approximately 20,000 people located on the northeastern coast of Brazil, in the state of Ceara. Trairi was much smaller than what we were accustomed to. At that time there was just one building that towered like a giant above the city. It was five stories tall. Not much of a giant. There were two supermarkets, mom and pop stores sprinkled throughout the city, unpaved roads, donkeys roaming the streets and the commercial hub of the city, the farmer's market, which we will talk more about later.

  The sun and breeze are a fixture of Trairi. Ah yes! And the sand. Lots and lots of sand. The sand would get into every crevice – in my shoes, pockets, hair, eyes, ears, and mouth!

  The people were welcoming and inquisitive, making it easy to strike up a conversation with them. As soon as the first word would stumble out of my mouth, they would say, “You’re not from here, are you?” I was a novelty, the only foreigner in the city. They found it amusing to guess where I was from as if they were playing a game. Many wondered why an American would be living in Trairi instead of larger cities like Fortaleza, Rio de Janeiro, or São Paulo. I enjoyed the conversations which were always an opportunity to get to know people a bit more intimately. As time went on, I developed an appreciation and love for the Trairenses, as the people of Trairi are known.

  Before dawn, people from neighboring towns like Novo Mundo, Canaã and Gualdrapas would rush to the farmers market to buy and sell all sorts of fruits, legumes, and vegetables. There were tents spread throughout the market that served as shelter from the hot sun and strong breeze. Some people were in a rush, while others seemed to have all the time in the world.

  On my first visit to the market, I felt excitement. The market was vibrant, bouncing with energy. I had my camera with me, and as I looked around, I saw many photo-worthy scenes. One older man stood out. I approached him, greeted him, and yes, he asked, “You’re not from here, are you?” His name was João. He was sitting behind large sacks of beans, which covered his legs. He had a hat, old dirty-looking pants, sandals, a ring on his finger and an unbuttoned short-sleeve shirt. Above him there was an opening where the sun's rays poked in. The tents above me were swaying back and forth, almost dancing, because of the strong winds. At that moment, the sand and dirt kicked up, temporarily blinding us. After we rubbed our eyes clean, we smiled and laughed. I mustered the courage and clumsily asked him, “Seu João (Mr. João), can I take a picture of you.” I was afraid he’d say no or that he would get upset or bothered. But he smiled, nodded yes, but with one condition. He wanted to button up his shirt so he could look more elegant! “Go ahead,” I said. “Should I remove this cup from the sack?”, he asked. “No, leave it there,” I responded.

  I pulled up my camera, placed the viewfinder in front of my right eye, and immediately knew I fell in love with photographing whomever and whatever I would find on the streets. I felt an attraction to something unfamiliar and exciting. The emotions of being in such a vibrant environment, the way everything seemed so chaotic, yet calm, gave me a sense of peace and oneness with what surrounded me. And it was that day I fell in love with street photography.


Português 


Durante anos, minha esposa e eu ponderávamos a possibilidade de nos mudarmos para o exterior e estabelecermos moradia no Brasil. Lentamente, a ideia floresceu e, finalmente, em 2013, nos mudamos para Trairi - uma cidade com cerca de 20.000 habitantes localizada na costa nordeste do Brasil, no estado do Ceará. Trairi era muito menor do que estávamos acostumados. Naquela época, havia apenas um prédio que se erguia como um gigante acima da cidade. Tinha cinco andares. Não era exatamente um gigante. Havia dois supermercados, mercadinhos espalhados pela cidade, estradas não pavimentadas, burros vagando pelas ruas e o centro comercial da cidade, a feira, sobre o qual falaremos mais tarde.

O sol e a brisa são uma característica de Trairi. Ah, sim! E a areia. Muita, muita areia. A areia entrava em cada fresta - nos meus sapatos, bolsos, cabelo, olhos, ouvidos e boca!

As pessoas eram acolhedoras e curiosas, tornando fácil iniciar uma conversa com elas. Assim que a primeira palavra saía da minha boca, eles diziam: "Você não é daqui, não é?" Eu era uma novidade, o único estrangeiro na cidade. Achavam divertido adivinhar de onde eu era, como se estivessem jogando um jogo. Muitos se perguntavam por que um americano estaria morando em Trairi em vez de cidades maiores como Fortaleza, Rio de Janeiro ou São Paulo. Eu gostava das conversas, que sempre eram uma oportunidade de conhecer as pessoas um pouco mais intimamente. Com o tempo, desenvolvi uma apreciação e amor pelos Trairienses.

Antes do amanhecer, pessoas de cidades vizinhas como Novo Mundo, Canaã e Gualdrapas se apressavam para feira para comprar e vender todo tipo de frutas, legumes e vegetais. Tendas estavam espalhadas por todo o mercado, servindo de abrigo contra o sol forte e a brisa intensa. Algumas pessoas estavam com pressa, enquanto outras pareciam ter todo o tempo do mundo.

Na minha primeira visita ao mercado, senti empolgação. O mercado estava vibrante, cheio de energia. Eu estava com minha câmera, e enquanto olhava ao redor, vi muitas cenas dignas de foto. Um homem mais velho se destacou. Me aproximei dele, o cumprimentei e sim, ele perguntou: "Você não é daqui, não é?" Eu respondi: "Não, eu não sou". O nome dele era João. Ele estava sentado atrás de grandes sacos de feijão, que cobriam suas pernas. Ele usava um chapéu, calças velhas e sujas, sandálias, um anel no dedo e uma camisa de manga curta desabotoada. Acima dele, havia uma abertura por onde os raios do sol entravam. As tendas acima de mim balançavam para lá e para cá, quase dançando, por causa dos ventos fortes. Naquele momento, a areia e a poeira se levantaram, nos cegando temporariamente. Depois de limparmos nossos olhos, sorrimos e rimos. Reuni coragem e perguntei sem jeito: "Seu João, posso tirar uma foto sua?" Eu estava com medo de que ele dissesse não ou que ficasse chateado. Mas ele sorriu, fez que sim com a cabeça, mas com uma condição. Ele queria abotoar a camisa para parecer mais elegante! "Vá em frente", eu disse. "Devo tirar este copo do saco?", ele perguntou. "Não, deixe-o lá", respondi.

Levantei minha câmera, coloquei o visor na frente do meu olho direito e imediatamente soube que me apaixonei por fotografar quem e o que eu encontrasse nas ruas. Senti uma atração por algo desconhecido e emocionante. As emoções de estar em um ambiente tão vibrante, a maneira como tudo parecia caótico, mas calmo, me deram uma sensação de paz e união com o que me cercava. E foi naquele dia que me apaixonei pela fotografia de rua.